Sobre a arquitetura do universo

 



"O espelho reflete certo; não erra porquê não pensa
Pensar é essencialmente errar.
Errar é necessariamente estar cego e surdo"
- Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

"O astrônomo é o modo que o Universo
 encontrou para revelar a sua arquitetura!"
Carlos Fiolhais


    O poema acima, de Alberto Caeiro (pseudônimo de Fernando Pessoa) é certeiro e exato em dizer que os eventos que ocorrem entre os objetos irracionais são certos sem ter antes a necessidade de pensar o "certo". O concreto, o real é e sempre será superior a ficção, os diversos eventos que ocorrem na imensidão do espaço e que tanto nos deslumbram são a prova de que o que ocorre no meio extra-atmosférico é tão mais impressionante quanto a um sci-fiction best seller, e eu citaria alguns como: o nascimento de uma estrela, a morte de uma estrela, a fusão entre duas ou mais estrelas, o bailado de um sistema binário e etc.

    A cosmologia é o campo que estuda a estrutura do universo, o universo em grande escala. Seria ineficiente a pretensão de tentar compreender a arquitetura do universo sem antes saber a história do mesmo. É sabido que os três primeiros minutos do universo foram cruciais para definir a atual forma dele. Mas, como é a arquitetura do universo? As estrelas só começaram a nascer cerca de um ou dois milhões de anos desde o "instante zero" do universo, também chamado de big-bang, pois só nessa altura a força gravitacional conseguiu vencer a agitação desordenada dos átomos. Já os átomos, cem mil anos depois do big-bang já tinham forma. 

"Antes, os constituintes dos átomos, tanto os elétrons como o núcleo atômico, viviam ao deus-dará, alegremente separados uns dos outros.Disse Carlos Fiolhais no artigo A Arquitectura do Universo.

    Houve um período na história do universo em que ele era completamente opaco, isso se deu antes da coesão entre os elétrons e os constituintes do núcleo atômico. Depois do casamento entre ambos o universo tornou-se transparente. As estrelas, como dito, tardaram um pouquinho a nascer mas ainda sim reivindicam uma grande parcela na história do universo pois, é a partir delas, e sobretudo da coesão entre elas que se formam os grupos estelares e as galáxias que definem a estética atual do universo.

    Não há nada mais poético que a morte de uma estrela, e a forma como ela morrerá dependerá diretamente de sua massa. O elemento primordial o Hidrogênio é o mais abundante no universo, cerca de 70% dos átomos do universo são de hidrogênio, 27% são de  hélio e os outros 3% - percentual residual mas não menos importante - são todos os outros. Para se inserir na carreira estelar você precisará inicialmente reunir o máximo de hidrogênio que conseguir e a partir deles transformá-los em hélio, aparentemente parece fácil a tarefa mas, não é. A nossa estrela, o Sol, precisa de uma temperatura infernal de uma ordem de milhões de Kelvins para conseguir tal feito, então, trate de arranjar um bom forno.

    A nossa tão querida estrelinha já cumpriu metade do curso de sua caminhada, ela nasceu a pouco mais de 5 bilhões de anos e é possível que viverá ainda mais 5. A cada segundo ela funde toneladas e toneladas de hidrogênio em hélio, e se o hidrogênio que ela funde foi o que ela conseguiu reunir no seu período gestacional, de morfogênese, é mais do que certo afirmar que uma hora ele tem que acabar e quando isso acontecer ela percorrerá o curso final de sua caminhada fundindo três átomos de hélio em um átomo de carbono e findará em uma anã branca, pálida, raquítica e de fraca luminosidade.

    Já, se falarmos de uma supergigante vermelha descreveremos um outro fim. É mais pesada e tem um núcleo ainda mais caótico. Ela cresce, cresce e depois de uma vida extremamente acidentada, acaba por explodir, expelindo para o exterior as camadas que envolviam o seu núcleo. Esse evento, chamamos de supernova.

    O último registro que temos de uma supernova vista "ao vivo" foi em 1987. Não temos uma visão privilegiada na galáxia para apreciarmos de vez em quando uma supernova no céu. 

"A explosão de uma supernova é um acontecimento tão brutal que não convém estar perto.Comenta Carlos no artigo.
Pois bem, como descrever então a arquitetura do universo? Existe um povoado de objetos astronômicos com características astrofísicas distintas que compõem o universo, desde diferentes tipos de nuvens a diferentes configurações de sistemas planetários e estelares. O espaço sideral é um ambiente caótico e não há problemas nisso, a dialética entre a ordem e o caos é a cerimônia geradora de uma nova ordem, o caos é necessário e a co-existência dele com a simetria é necessária pois, não é da calmaria de nuvem interestelar que nasce uma estrela, é do desarranjo. A energia escura causa a expansão do universo, a matéria escura é tão abundante e as chamamos assim porquê ainda há uma nuvem negra na compreensão do universo, ainda há algumas muitas coisas a serem esclarecidas que no com o passar do tempo, elucidarão a exata arquitetura do universo.

Texto por: Marcos Vitor (IFMA - SÃO RAIMUNDOS DAS MANGABEIRAS)

Referências:
Fiolhais, Carlos; A Arquitectura do Universo; Departamento de Física da Universidade de Coimbra
Berg, Daniel; Cosmologia; Universidade Federal do Vale do São Francisco

Nenhum comentário:

Postar um comentário